terça-feira, 13 de janeiro de 2009

A escola da vida


Vi ontem uma obra prima, provavelmente desconhecida de muito de vcs: "Slumdog Millionaire" de Danny Boyle, o mesmo diretor de "Trainspotting" (tenho original caso alguém se interesse) filme fantástico na linha de "Laranja Mecânica" com abordagem crua e ao mesmo tempo fantasiosa.

Bom, Slumdog conta a história de um jovem pobre, que nunca havia frequentado a escola, participando de um concurso de TV daqueles de perguntas e respostas (uma espécie de Jogo do Milhão indiano). De cara vai parecer um filme chato, com algumas passagens típicas dos filmes de Bolywood (que produz enlatados piores do que sua sósia americana).

O filme, usando o formato de ida e vindas no passado, vai explicando como que o jovem aprendeu cada resposta das perguntas que lhes foram feitas no concurso (uma parte perguntas bobas, outras um pouco mais difíceis). Foi aí que a ficha caiu para mim, o filme demonstra como a Escola da vida, da sobrevivência cotidiana numa situação de miséria e vulnerabilidade total, pode nos oferecer mil aprendizagens que podem ser necessárias no decorrer da nossa trajetória. Dessa forma o filme demonstra o quanto muitas vezes títulos acadêmicos mas sem prática no cotidiano, pouco podem nos preparar para as reais demandas da nossa vida.

O retrato da vida daquele jovem, (junto ao seu irmão e a uma pequena garota, todos aparentando entre 4 e 6 anos quando começam a jornada) é fascinante, especialmente quando mostra as diversas estratégias de sobrevivência através do trabalho (diversos tipos) em que eles vão se envolver.

É também um bom filme etnográfico, que descreve e reflete sobre a miséria existente na complexa sociedade indiana (a novela da Globo vem aí, provavelmente para fantasiar este mundo). Descreve também os conflitos religiosos entre hindus e muçulmanos, e o choque cultural gerado pelo atual momento de desenvolvimento econômico (para poucos) em curso na Índia.

Sou fascinado por filmes com esse caráter etnográfico e sócio-antropológico; nos últimos anos uma boa leva de filmes com esse perfil foram produzidos com foco na África (devorei todos eles), talvez agora seja o momento para esse foco mirar na Ásia. Acho que o último filme que vi nesse perfil foi "Paradise Now" (também tenho ori..., digo, tenho caso alguém queira ver...rs) que fala da Palestina, fantástico por sinal, ganhador do oscar de melhor filme estrangeiro.

Aliás falando em prêmios, "slumdog" venceu essa semana o Globo de Ouro de melhor filme dramático, e "Vicky Cristina Barcelona" (que comentei no post anterior) venceu o de melhor filme de comédia. De fato dois prêmios merecidos.

Quero dedicar esse post as minhas queridas alunas da UEFS (com as quais muito aprendi sobre a Pedagogia), acredito que ele nos oferece boas reflexões sobre a educação no seu sentido mais amplo.

Vale a pena ver, ótimo filme.


Veja o trailer no link abaixo:



Grandes abraços...

4 comentários:

  1. Slumdog Millionaire é um dos filmes que estou mais ansioso pra ver este ano. O Danny Boyle tem alguns trabalhos bem interessantes. Tenho certeza de que irei gostar. Ainda mais agora, depois de ler seus comentários.

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  2. Prezado Sandro
    Foi com prazer q recebi a noticia do seu blog. Agora, com tempo é q dei uma olhada com calma e li todos os post. Gostei muito das dicas de filme e comentários. Embora não sei quais foram as "vitórias recentes" fico feliz pois conheço o seu caráter e sei que vc merece
    Um forte abraço de um aluno que te admira

    Adriano Pereira

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  3. Sinto realizar um comentário tão tardio...
    Mas, andemos!
    Assisti 'Laranja mecânica' bem como '2001: uma odisseia no espaço, ambos de kubrick's, brilhantes! Imagino que se segue a mesma linha, é de muita responsabilidade e merece respeito. Porém, dizer que pode emprestar é sacanagem [c/ o perdão da palavra] não é 'caro mestre'?! Estás tão distante agora... =/
    Obrigada por dedicar o rico comentário a nós, 'da' Pedagogia!
    Forte abraço!

    Andrea Nunes.

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  4. Enfim, assiti aqui no IMAGENS!
    Saudades do sr., seu Sandro!
    - que esteja bem!
    Abraço.

    Andrea Nunes

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