sábado, 17 de março de 2012

Intensamente Pais e Filhos


São 00:55 do dia 18 de março, madrugada de sábado para domingo. Acabei de assistir um belo filme, “Tão forte e tão perto” que articula uma série de questões que constumam alimentar roteiros de cinema. O 11 de setembro, por exemplo. Aliás, o melhor filme até agora sobre este dia (não que tenha visto muitos, uns seis talvez). É óbvio que essa não é a temática que me traz ao teclado do meu computador, uma hora dessas (quase não escrevo mais, não só no Blog, em praticamente mais nada).

O tema que me é muito significante presente no filme é a questão da paternidade, mais especificamente da relação de amor entre pais e filhos. No filme essa relação é também pedagógica. Há alí uma perspectiva de como educar um filho, desafiando-o o tempo todo a buscar viver, experienciar, estranhar pra usar um jargão antropológico. Quem ver o filme perceberá que o tema do estranhamento, e das possibilidades de aprendizagem que ele oferece, é muito relevante na trama.

Mais sem dúvida o tamanho do amor daquele filho é o mais tocante na história, e a mim, sinto que toca ainda mais. Acho até que já escrevi aqui neste blog sobre esses sentimentos que me acompanham e fazem parte (intensamente) da minha história. O corte abrupto da presença do pai (morto nas torres gêmeas) causa um turbilhão na vida do garoto. As vezes me pergunto se a ausência constante de um pai (como na minha história) é mais dolorosa do que a perda abrupta de um pai presente. Tá evidente que não, e isso me assusta, por pensar na efemeridade das nossas vidas. Temo muito diante da possibilidade de causar tamanho sofrimento nos meus filhos.

A cada sorriso, a cada retorno que recebo deles, reforço em mim a certeza do quão importante é o amor entre pais e filhos. É pra mim como uma força quase mística, que orienta a existência daqueles que amam seus filhos. Nada, nenhuma explicação estruturalista ou subjetivista, se impõe sobre essa “centralidade do amor”.

Fico me perguntando, onde estará o meu pai agora? Já tive oportunidade de externar o quanto é tranquilo pra mim esse histórico de ausência dele, não me “traumatizou” tenho certeza. Mas acho estranho a não procura. Agora, pensando no filme, como não procurar alguém que você sabe que está vivo, quando o Oskar, o garoto do filme, procurou intensamente um pai que ele sabia que estava morto. Paradoxo.

Não quero que pensem que amanhã sairei procurando em listas telefônicas o paradeiro de meu pai. Apesar de estranhar essa situação, sempre achei que compensaria isso amando ainda mais meus filhos.

Numa passagem bela do filme, Oskar pergunta a mãe dele: “Eu não falo o suficiente que eu te amo, não é?”. Pablo e Bruno falam muito, mais que o suficiente... que bom!
 
 
Grandes abraços,