sábado, 27 de dezembro de 2008

Altruísmo x egoísmo: culpa e sociedade



Ontem assisti um filme... chama-se "Sete Vidas". Conta uma história de culpa. Um homem, por pequena imprudência, causa um acidente e causa 7 mortes, entre elas a da sua amada mulher. Daí em diante a vida termina para ele, o sentimento de culpa o corrói. Mas ele não opta pela flagelação individual, aquela que resolve sua culpa individualmente, que aplacaria sua dor, eliminando do meio aquele único culpado... ele mesmo. Esse desejo individual de justiça contra si mesmo é acompanhado de uma necessidade de reparar a sociedade daquilo que lhe foi tirado... 7 vidas. É desta forma que ele buscará "castigar o seu crime" como num dilema dotoyevskiano. Mas no "crime e castigo" original o sentimento de culpa é construído no âmbito individual, não constrói essa necessidade de uma redenção pela reparação à sociedade, como um corpo uno que fora atingido. Aqueles que recebem a "bênção" do protagonista não são pessoas diretamente ligados as 7 vidas ceifadas, mas são partes de um meio que precisa ser recomposto.


É curioso que, mesmo num momento de extrema dor, ainda nos pensemos como partes responsáveis por um todo, e que meus atos não apenas interessam a mim, mas a outros também... estranhos, mas ao mesmo tempo familiares.


Penso que essas indagações, sobre os elos "subjetivos" (sim, também subjetivos) que nos unem aos outros "estranhos familiares"estão presentes nas reflexões fundantes de Emile Durkheim.


Parafraseando uma música "Lamento Sertanejo" (Dominguinhos) que sempre uso nas minhas aulas para discutir Durkheim, me pergunto: como é estranho ser "como rês de desgarrada nessa multidão boiada caminhando a esmo".


Vejam o filme, vale a pena, roteiro assimétrico que exige intensa atenção, mas com final que unifica as passagens soltas.

Vejam o trailer legendado:

http://br.youtube.com/watch?v=zXkJW7ar0AE

Grandes abraços...

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

A sindrome do Encarceramento...


Revi o filme "o Escafandro e a Borboleta" (este, como poucos no Brasil, manteve o nome original ao fazer o lançamento por aqui).
Impressionante! Para aqueles que ainda não assistiram, o filme conta a história de um homem de aproximadamente 35 anos (eu acho) que sofre um AVC, e fica totalmente paralisado, apenas lhe resta o movimento dos olhos, um deles já que o outro é costurado (cena fantástica!). Porém o essencial se manteve, embora ele demore a perceber isso, a sua CONSCIÊNCIA (tratada no filme como memória - a experiência vívida - e imaginação - a experiência antecipada).
É a partir desse binômio: o corpo e a consciência, que o diálogo central do filme se desenvolve e que muito interessa a sociologia. O "eu" e o "outro", o eu como a consciência e outro como o corpo, o primeiro aprisionado no segundo, na verdade "encarcerado", como que dentro de um mar profundo vendo o espaço de pouca visibilidade dentro de um escafandro.
Que relações percebi?
Assim como o corpo é o escafandro e a consciência é a borboleta no filme, diria que a Sociedade é o escafandro e o indivíduo a borboleta. É essa sensação constante de opressão sobre os sentidos subjetivos que Weber tanto fala, mas como no filme, o sentido subjetivo, a motivação, liberta, permite voar como a borboleta e, portanto, negociar constantemente com este que nos encarcera.
É um diálogo difícil, uma negociação difícil, mas sem dúvida a consciência é criadora, de sensações e também de "realidades" (no filme várias cenas confundem entre a imaginação e a realidade). Como imaginar escrever um livro piscando o olho para identificar letra a letra? Só o desejo, consciente da sua capacidade criadora, poderia construir essa realidade diante de condições externas "estruturais" tão duras.

"minha imaginação e minha memória, são as únicas coisas que me permitem sair do meu escafandro"

BRILHANTE, recomendo a todos, momento ímpar de pensar-se no mundo, no meio social e no seu próprio corpo.

Trailer do filme:
http://br.youtube.com/watch?v=N4yY1yedPEc

Grandes abraços...

sábado, 20 de dezembro de 2008

Um começo, ou um recomeço?


Aqui estou...

Há muito tempo venho pretendendo ter um blog, escrever coisas, reflexões, dialogar com alunos, comentar sobre cinema (uma paixão) expor um pouco da minha vida (aquela parte que precisa ser exposta para proteger aquela que precisa ser privada).

Alguns amigos me serviram de inspiração por terem criados blog's criativos, fantásticos, e sucessos de bilheteria, destaco aqui Luedy da UEFS e Ivandilson Miranda da UNIME nosso "mãe".

Mas porque agora? Porque não antes... ou depois?

sinto que algo novo tá surgindo, alguns já sabem do que estou falando, para os outros em breve trarei novidades completas, prefiro aguardar um pouco... cautela necessária para alguém que já contou algumas vezes com o ovo no da galinha e na hora 'H' foi surpreendido, mas acho que dessa vez vai dar tudo certo, creio que após essas festas já devo ter uma confirmação.

amanhã terei um encontro especial: aniversário do amigo de longa data Fabiano, mas inclue outras comemorações: a minha que comentei acima e a aprovação no doutorado da minha grande amiga e eterno 'amore' Carla Galvão... estarão presentes o núcleo de amigos que me sustenta (aidna que a distância): além de biano, Carlinha, Flávio (parceiro e cumplice em várias viagens - ver depoimento dele no meu orkut) e Renato (amigo mister de irmão e alter ego).

Bom, apresento a vcs o meu blog, pretendo cmentar smepre que der, acho até que de agora em diante com mais regularidade (vou ter um vida mais segura, mais tempo, melhor ventilação cerebral... portanto, mais criações), espero contar com vossos comentários, dos amigos e dos alunos.

como disse pretendo também sempre apresentar um filme:

O de hoje: O escafandro e a Borboleta - acabei de assistir, francês, curioso, inovador, perspectiva subjetivista, me lembrou demais Weber. Pretendo reve-lo amanhã, tava sonolento agora a pouco, assim quem sabe fazer um comentário mais completo.


Grandes abraços...