sábado, 19 de maio de 2012

Treze meses de caminhadas por igualdade


Acabei de ver no canal Cinemax o filme Boycott (2001). Lembro que soube do lançamento do filme a época, mas só agora (e por acaso) vi o filme. Fantástico! Mostra com detalhes o movimento dos negros em Montgomery, estado do Alabama, que realizaram um boicote aos onibus públicos devido a uma lei de segregação que obrigava os negros a levantarem de um assento caso um branco estivesse em pé. Uma mulher corajosa, chamada Rosa Parks, se recusou a levantar e acabou presa por isso. A partir de associações e igrejas batistas de negros iniciou-se o boicote sob a liderança do reverendo Marthin Luther King, que convicto de sua estratégia de não violência, conseguiu manter o boicote por 13 meses, que só acabou após o Tribunal de Justiça declarar a segregação nos ônibus ilegal. Esta vitória foi o ponto de partida para o movimentos dos direitos civis nos EUA, que junto com outros movimentos (radicais inclusive) conseguiram combater as leis de segregação racial em todos os EUA. 13 meses indo ao trabalho, a escola andando, em nome de uma luta. Quando retomaremos essa disposição para a luta por justiça social e igualdade?

Belo trecho do filme no link abaixo:

Fortes Abraços,


sexta-feira, 6 de abril de 2012

Voltar ao presente

Essa semana finalmente (já estava com o filme fazia tempo) assisti “Meia noite em Paris” de Woody Allen. De cara já curti muito o conflito de perspectivas de vida (intelectual) entre o casal. Nossa, como seria realmente difícil casar com alguém com uma “vibe” tão diferente.

Bom, o filme é uma viagem que exige obviamente bastante conhecimento de literatura e arte do século XX (início). Eu que acredito conhecer algo, me vi várias vezes “boiando” com as referências a alguns escritores e artistas em geral. Acho que as referências a Pablo Picasso, Salvador Dali e Ernest Hemingway foram as mais significativas para mim. O filme é realmente um estímulo ao gosto pelas artes em geral, coisa que nos últimos tempos tem se tornado importante para mim, especialmente devido a perspectiva interdisciplinar dos BI's no ICADS. Ainda acredito que precisamos e muito de um BI em Artes no ICADS.

Bom, aquela oportunidade que o personagem principal teve de reviver uma época, podendo estar tão perto de seus ídolos intelectuais foi algo DEMAIS. Não pude evitar pensar pra onde eu iria se pudesse voltar no tempo:

A primeira “viagem” que tive me levou aos anos de chumbo no Brasil, mais especificamente 1968 (“o ano que não terminou”). Me vi militante da ALN, acompanhando Marighella na luta armada, e me iludindo que aquele momento era o momento da revolução socialista. Várias vezes já pensei isso: “Se tivesse vivido no tempo da ditadura estaria na luta armada com certeza!” Será? É incrível como os jovens são tão altruístas e apaixonados. Acho mesmo é que se pudesse voltar lá, estaria tentando convencer Marighella e Lamarca do conceito de Guerra de Posição e de disputa de Hegemonia de Gramsci...rs.

Taí, lembrei de Gramsci, e por tabela de Marx. Imagina como seria legal participar da fundação da Iª Internacional? Ver Marx debatendo com Bakunin. Poder contar a ele que a primeira revolução seria na Rússia e não na Alemanha como ele acreditava. Ou voltar ainda mais e me meter na briga entre Rousseau e Voltaire?

Mas a referência do filme são as artes. Então, pensando melhor, pra qual período histórico das artes voltaria? Já sei! Frequentaria os bares que Álvares de Azevedo frequentava, imaginando o quanto o amor é cruel e a vida é insana e curta. Que massa que seria...rs.

Como seria bom poder fazer essas viagens a momentos de grande produção e vivacidade intelectual. Hoje faltam espaços assim... ou não? Pensando bem, o quanto vivi, tudo que vi da vida, foi muito bom... é muito bom. Sinto que a cada papo despretensioso com os amigos de hoje aprendo mais sobre coisas úteis e inúteis. Porque insistimos tanto em achar que nossa época é “menor” que as anteriores? Somos anões talvez, mas podemos subir nos ombros dos gigantes do passado e assim, ver além.

Assim sendo, onde gostaria de estar agora? Em um lugar com meus amigos artistas do agora, dotados de uma vontade de produzir a academia em que vivemos, mas com uma boa pitada de acidez e sarcasmo. Neste lugar estão os amigos de hoje, mas neste momento falta alguém, uma pessoa que garantia a este meio o carinho e a doçura que deve sempre temperar a vida intelectual. Ela agora adocica os ares de João Pessoa, mas sempre será lembrada como parte deste meio agradável que é o nosso tempo presente. Saudades Deborah Cabral.
 
Trailler do filme no link:
http://www.youtube.com/watch?v=aYP4RfN1NvU
 
Grandes abraços,

sábado, 17 de março de 2012

Intensamente Pais e Filhos


São 00:55 do dia 18 de março, madrugada de sábado para domingo. Acabei de assistir um belo filme, “Tão forte e tão perto” que articula uma série de questões que constumam alimentar roteiros de cinema. O 11 de setembro, por exemplo. Aliás, o melhor filme até agora sobre este dia (não que tenha visto muitos, uns seis talvez). É óbvio que essa não é a temática que me traz ao teclado do meu computador, uma hora dessas (quase não escrevo mais, não só no Blog, em praticamente mais nada).

O tema que me é muito significante presente no filme é a questão da paternidade, mais especificamente da relação de amor entre pais e filhos. No filme essa relação é também pedagógica. Há alí uma perspectiva de como educar um filho, desafiando-o o tempo todo a buscar viver, experienciar, estranhar pra usar um jargão antropológico. Quem ver o filme perceberá que o tema do estranhamento, e das possibilidades de aprendizagem que ele oferece, é muito relevante na trama.

Mais sem dúvida o tamanho do amor daquele filho é o mais tocante na história, e a mim, sinto que toca ainda mais. Acho até que já escrevi aqui neste blog sobre esses sentimentos que me acompanham e fazem parte (intensamente) da minha história. O corte abrupto da presença do pai (morto nas torres gêmeas) causa um turbilhão na vida do garoto. As vezes me pergunto se a ausência constante de um pai (como na minha história) é mais dolorosa do que a perda abrupta de um pai presente. Tá evidente que não, e isso me assusta, por pensar na efemeridade das nossas vidas. Temo muito diante da possibilidade de causar tamanho sofrimento nos meus filhos.

A cada sorriso, a cada retorno que recebo deles, reforço em mim a certeza do quão importante é o amor entre pais e filhos. É pra mim como uma força quase mística, que orienta a existência daqueles que amam seus filhos. Nada, nenhuma explicação estruturalista ou subjetivista, se impõe sobre essa “centralidade do amor”.

Fico me perguntando, onde estará o meu pai agora? Já tive oportunidade de externar o quanto é tranquilo pra mim esse histórico de ausência dele, não me “traumatizou” tenho certeza. Mas acho estranho a não procura. Agora, pensando no filme, como não procurar alguém que você sabe que está vivo, quando o Oskar, o garoto do filme, procurou intensamente um pai que ele sabia que estava morto. Paradoxo.

Não quero que pensem que amanhã sairei procurando em listas telefônicas o paradeiro de meu pai. Apesar de estranhar essa situação, sempre achei que compensaria isso amando ainda mais meus filhos.

Numa passagem bela do filme, Oskar pergunta a mãe dele: “Eu não falo o suficiente que eu te amo, não é?”. Pablo e Bruno falam muito, mais que o suficiente... que bom!
 
 
Grandes abraços,

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

A aproximação do 08 de março...

A aproximação do dia 8 de março, dia internacional da Mulher, especialmente este ano, tem me chamado a atenção. Quero muito que esta data, este ano, seja lembrada enfaticamente na universidade e em Barreiras, que normalmente costuma ignorar datas como esta. Ano passado, lembro como se fosse hoje, o 8 de março foi comemorado em pleno carnaval, e junto com algumas companheiras do PSOL fomos com uma faixa para o circuito do carnaval, primeiro na avenida, depois no centro histórico, marcar a data, mas mesmo uma faixa tão grande parecia invisível diante do desejo quase insano de dançar entre outras coisas que se fazem no carnaval.


Este ano acredito que existem mais oportunidades de pautar esta data. O 8 de março cairá na primeira semana de aula no ICADS, o que, espero eu, pode direcionar o desejo (também insano) de fazer trote com os calouros para algo que faça-os, especialmente os rapazes, lembrar da importância dessa data, e da necessidade de respeitar a mulher, especialmente deixando de tratá-las como um objeto de prazer, coisa comum no carnaval.

Ontem, vi um filme, que Laura já havia me recomendado como muito bom, chamado ‘A Informante”. O nome nem sugere muito o tema do filme, que trata do Tráfico Internacional de Mulheres, numa região onde esse fenômeno é crescente, os Balcãs e a Europa Oriental em geral. O filme mostra com detalhes a crueza da violência contra jovens sem perspectivas nos seus países que são apropriadas como mercadorias por homens para o sexo. Mas outros aspectos me chamaram a atenção, especialmente o aspecto da disputa étnica e religiosa existente nos Balcãs, que quase se destruiu numa guerra que opunha grupos étnicos muito próximos e que de repente (após o fim do regime sufocante da ex-Iugoslávia) passaram a lutar encarnecidamente por terra, honra e religião.

Bem, dentro de tudo isso, o que me chamou a atenção foi a representação que o filme faz, de forma sutil, do desprezo que os homens, de ambas as religiões em guerra, tem das mulheres. E, em um estado de guerra, elas são ainda mais rebaixadas em sua importância, como o filme demonstra. Isso faz com que a violência praticada sobre elas chegue a níveis insuportáveis, e o desprezo, inclusive dos organismos internacionais presentes no local, para com as questões de gênero aumenta significativamente. É como se todas as outras questões num estado de guerra fossem mais importantes do que a violência de um marido sobre a sua esposa, o cárcere privado de jovens em um prostíbulo, entre outros exemplos.

E como se as demandas de gênero estivessem sempre numa escala abaixo das outras questões. Lembro, ainda da época da graduação, quando o movimento negro, de mulheres negras, dizia: “No Brasil é muito difícil ser negro, mais ainda se for negro e pobre, e mais ainda se for negro, pobre e mulher”. Precisamos atentar para isto, para o tamanho da importância que nós damos ao combate diário a violência praticada contra a mulher. Não basta mais apenas se indignar diante das notícias na TV, é preciso aprender (e ter coragem) a denunciar. As mudanças que foram feitas este mês na Lei Maria da Penha nos convidam a esta nova postura: “Em briga de marido e mulher, devemos sim, meter a colher”.

Veja o trailer no link:
Abraços,