Essa semana finalmente (já estava com o filme fazia tempo) assisti “Meia noite em Paris” de Woody Allen. De cara já curti muito o conflito de perspectivas de vida (intelectual) entre o casal. Nossa, como seria realmente difícil casar com alguém com uma “vibe” tão diferente.
Bom, o filme é uma viagem que exige obviamente bastante conhecimento de literatura e arte do século XX (início). Eu que acredito conhecer algo, me vi várias vezes “boiando” com as referências a alguns escritores e artistas em geral. Acho que as referências a Pablo Picasso, Salvador Dali e Ernest Hemingway foram as mais significativas para mim. O filme é realmente um estímulo ao gosto pelas artes em geral, coisa que nos últimos tempos tem se tornado importante para mim, especialmente devido a perspectiva interdisciplinar dos BI's no ICADS. Ainda acredito que precisamos e muito de um BI em Artes no ICADS.
Bom, aquela oportunidade que o personagem principal teve de reviver uma época, podendo estar tão perto de seus ídolos intelectuais foi algo DEMAIS. Não pude evitar pensar pra onde eu iria se pudesse voltar no tempo:
A primeira “viagem” que tive me levou aos anos de chumbo no Brasil, mais especificamente 1968 (“o ano que não terminou”). Me vi militante da ALN, acompanhando Marighella na luta armada, e me iludindo que aquele momento era o momento da revolução socialista. Várias vezes já pensei isso: “Se tivesse vivido no tempo da ditadura estaria na luta armada com certeza!” Será? É incrível como os jovens são tão altruístas e apaixonados. Acho mesmo é que se pudesse voltar lá, estaria tentando convencer Marighella e Lamarca do conceito de Guerra de Posição e de disputa de Hegemonia de Gramsci...rs.
Taí, lembrei de Gramsci, e por tabela de Marx. Imagina como seria legal participar da fundação da Iª Internacional? Ver Marx debatendo com Bakunin. Poder contar a ele que a primeira revolução seria na Rússia e não na Alemanha como ele acreditava. Ou voltar ainda mais e me meter na briga entre Rousseau e Voltaire?
Mas a referência do filme são as artes. Então, pensando melhor, pra qual período histórico das artes voltaria? Já sei! Frequentaria os bares que Álvares de Azevedo frequentava, imaginando o quanto o amor é cruel e a vida é insana e curta. Que massa que seria...rs.
Como seria bom poder fazer essas viagens a momentos de grande produção e vivacidade intelectual. Hoje faltam espaços assim... ou não? Pensando bem, o quanto vivi, tudo que vi da vida, foi muito bom... é muito bom. Sinto que a cada papo despretensioso com os amigos de hoje aprendo mais sobre coisas úteis e inúteis. Porque insistimos tanto em achar que nossa época é “menor” que as anteriores? Somos anões talvez, mas podemos subir nos ombros dos gigantes do passado e assim, ver além.
Assim sendo, onde gostaria de estar agora? Em um lugar com meus amigos artistas do agora, dotados de uma vontade de produzir a academia em que vivemos, mas com uma boa pitada de acidez e sarcasmo. Neste lugar estão os amigos de hoje, mas neste momento falta alguém, uma pessoa que garantia a este meio o carinho e a doçura que deve sempre temperar a vida intelectual. Ela agora adocica os ares de João Pessoa, mas sempre será lembrada como parte deste meio agradável que é o nosso tempo presente. Saudades Deborah Cabral.
Trailler do filme no link:
http://www.youtube.com/watch?v=aYP4RfN1NvU
Grandes abraços,
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