A taxa de porcaria dos filmes que assisto estava aumentando essa semana (só para exemplificar: "Harry Potter" "Garota Infernal") quando por acaso resolvi ver um filme, sem ao menos saber que era de Woody Allen: "Tudo pode dar certo" (Whatever Works). O nome clichê deve ser uma provocação a pouca paciência (característica central de Boris, centro do filme) com o seu uso constante entre as pessoas com "QI abaixo de 100". Boris é o autêntico intelectual arrogante, aquele que ao estudar ao extremo (todos os títulos possíveis) acaba penetrando, ou melhor, ascendendo a um outro mundo, um outro patamar de percepção da realidade, exclusivo aos intelectuais. Daí a crítica as "pessoas comuns" chega a um patamar cômico. Tudo é questionado filo-físico-antropologicamente, da existência do amor, à necessidade do sexo. Empenhado nessa reflexão de botequim para poucos, o autor se isola do mundo, buscando apenas o convívio de seus poucos amigos também intelectuais\professores, reunidos nos botequins boêmios de Nova Iorque (como é a cara de Allen).
Outro aspecto interessante do filme e análise das possibilidades de um intelectual (no caso dele um físico... rs, especialista em mecânica quântica) se envolver afetivamente, quiçá casar, com um ser do "outro mundo" rs, digo, que não tenha estudado, ou que não consiga entender sobre cinema cult, bons vinhos, livros, entre outras coisas (me divertiria muito se tentasse ampliar essa lista rememorando os meus antigos e novos amigos intelectuais).
Bom, agora o porquê deste filme ter me chamado tanto a atenção: quem me conhece bem já deve ter percebido. Ele me lembra demais o "meu mundo de cá" Sim! Porque eu tenho dois mundos opostos que envolvem minha vida: o "de cá" acadêmico, intelectual, quase religioso, e o "de lá" popular, simples, quase profano.
É muito massa esse intercâmbio (rs), mas me delicio mesmo quando reúno-me nas rodas sarcásticas, misantropas dos meus amigos "intelectuais" (Gramsci me perdoe pelo mau uso do conceito). Entre a chatologia e a pura má vontade com o mundo, muitas gargalhadas consigo nestes momentos.
Quem é desse meio vai gostar (e se identificar) muito com o filme... recomendo.
P.S. Este é o primeiro arquivo de vídeo que recebo que vem com um glossário (mais de 20 verbetes) com as expressões principais que surgem no vídeo. Reproduzo aqui o verbete sobre Misantropia:
MISANTROPIA - é a aversão ao ser humano e à natureza humana no geral. Também engloba uma posição de desconfiança e tendência para antipatizar com outras pessoas. Um misantropo é alguém que odeia a humanidade de uma forma generalizada. O termo também é aplicável a todos aqueles que se tornam solitários por causa dos sentimentos acima mencionados (de destacar o elevado grau de desconfiança que detêm pelas outras ).
Veja o trailer legendado (em HD) no link:
http://www.youtube.com/watch?v=A6xDaMsDPw0
Grandes abraços,
Engraçado, este é um belo exemplo de 'ame-o' ou 'odei-o'. Vários fãs disseram estar decepcionados pelos clichês evidentes e uns criticos exaltaram. Ainda não pude conferir!
ResponderExcluirEm breve, eu adoro o universo de Allen e tenho dito. Parabéns pelo post!