quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

A aproximação do 08 de março...

A aproximação do dia 8 de março, dia internacional da Mulher, especialmente este ano, tem me chamado a atenção. Quero muito que esta data, este ano, seja lembrada enfaticamente na universidade e em Barreiras, que normalmente costuma ignorar datas como esta. Ano passado, lembro como se fosse hoje, o 8 de março foi comemorado em pleno carnaval, e junto com algumas companheiras do PSOL fomos com uma faixa para o circuito do carnaval, primeiro na avenida, depois no centro histórico, marcar a data, mas mesmo uma faixa tão grande parecia invisível diante do desejo quase insano de dançar entre outras coisas que se fazem no carnaval.


Este ano acredito que existem mais oportunidades de pautar esta data. O 8 de março cairá na primeira semana de aula no ICADS, o que, espero eu, pode direcionar o desejo (também insano) de fazer trote com os calouros para algo que faça-os, especialmente os rapazes, lembrar da importância dessa data, e da necessidade de respeitar a mulher, especialmente deixando de tratá-las como um objeto de prazer, coisa comum no carnaval.

Ontem, vi um filme, que Laura já havia me recomendado como muito bom, chamado ‘A Informante”. O nome nem sugere muito o tema do filme, que trata do Tráfico Internacional de Mulheres, numa região onde esse fenômeno é crescente, os Balcãs e a Europa Oriental em geral. O filme mostra com detalhes a crueza da violência contra jovens sem perspectivas nos seus países que são apropriadas como mercadorias por homens para o sexo. Mas outros aspectos me chamaram a atenção, especialmente o aspecto da disputa étnica e religiosa existente nos Balcãs, que quase se destruiu numa guerra que opunha grupos étnicos muito próximos e que de repente (após o fim do regime sufocante da ex-Iugoslávia) passaram a lutar encarnecidamente por terra, honra e religião.

Bem, dentro de tudo isso, o que me chamou a atenção foi a representação que o filme faz, de forma sutil, do desprezo que os homens, de ambas as religiões em guerra, tem das mulheres. E, em um estado de guerra, elas são ainda mais rebaixadas em sua importância, como o filme demonstra. Isso faz com que a violência praticada sobre elas chegue a níveis insuportáveis, e o desprezo, inclusive dos organismos internacionais presentes no local, para com as questões de gênero aumenta significativamente. É como se todas as outras questões num estado de guerra fossem mais importantes do que a violência de um marido sobre a sua esposa, o cárcere privado de jovens em um prostíbulo, entre outros exemplos.

E como se as demandas de gênero estivessem sempre numa escala abaixo das outras questões. Lembro, ainda da época da graduação, quando o movimento negro, de mulheres negras, dizia: “No Brasil é muito difícil ser negro, mais ainda se for negro e pobre, e mais ainda se for negro, pobre e mulher”. Precisamos atentar para isto, para o tamanho da importância que nós damos ao combate diário a violência praticada contra a mulher. Não basta mais apenas se indignar diante das notícias na TV, é preciso aprender (e ter coragem) a denunciar. As mudanças que foram feitas este mês na Lei Maria da Penha nos convidam a esta nova postura: “Em briga de marido e mulher, devemos sim, meter a colher”.

Veja o trailer no link:
Abraços,